Texto adaptado. Autor desconhecido.
As parábolas sempre ilustram com muita força e até com certa dramaticidade os ensinamentos morais. A frequência dos irmãos aos trabalhos é um dos itens constantes de todas as pautas das reuniões.
Há os que não vão aos trabalhos da loja, porque acham que a mesma nada mais tem a lhes ensinar. São os presunçosos. Se forem telhados, não sabem fazer o sinal de Aprendiz. Há os que não vão à Oficina porque acham que as reuniões se tornaram desinteressantes e monótonas. Estes fazem parte daquele grande grupo que entraram para a Maçonaria, mas a Maçonaria não entrou neles.
Acham as reuniões desinteressantes mais nada fazem para torná-las melhores. São os reformistas e críticos de palavras, nada fazem porque lhes faltam luzes para fazer, ou porque são egoístas, não querem dividir os seus conhecimentos, quando raramente possuem algum, são os verdadeiros inoperantes da Ordem.
Os argumentos, de todos os grupos de faltosos, são extremamente frágeis e na realidade se baseiam, também com a Maçonaria em três colunas, ou melhor, três antes coluna: a ignorância, o desinteresse e o perjúrio. Ser perjúrio não é somente quem revela os nossos segredos Iniciáticos, mas também é perjúrio aquele que não cumpre com as obrigações contraídas para com a sublime Ordem no Cerimonial da Iniciação.
Outro dia encontramos um destes pseudos irmãos e perguntei-lhe: por que não tens mais ido à Loja? – ao que ele me respondeu de pronto: para que, só para bater malhetes? – Então lhe repliquei: sabes o que significa “bater malhetes”? – Ele se coçou todo, gaguejou, desculpou-se e se se escafedeu deixando atrás de si a poeira ofuscante da sua ignorância.
Aprendemos com um Mestre, a quem respeitamos e admiramos uma parábola que vamos aqui tentar reproduzir aos irmãos.
Um irmão de uma determinada loja, ao qual frequentava regularmente, a mais de vinte anos, onde os irmãos sempre ocupavam os mesmos lugares, a sucessão de cada semana e desta forma todos já se conheciam pelos nomes conforme devem ser os Maçons, em determinado momento, sem nenhum aviso deixou de participar das atividades da Loja.
Numa certa sessão em loja, um Mestre notou a ausência em uma cadeira que estava vazia e era a cadeira de um dos mais assíduos irmãos.
O Mestre preocupou-se, mas passado a sessão, o fato foi esquecido, absorvido que foi o Mestre pelas suas outras atividades.
Nova semana, nova sessão em loja e novamente a mesma cadeira vazia, o Mestre perguntou aos irmãos: alguém viu o "fulano", estaria doente, estaria acontecendo alguma coisa? – Ninguém soube responder.
Na semana seguinte o fato se repetiu pela terceira vez e o Mestre, após, no dia seguinte, resolveu visitar o irmão.
Era uma noite muito fria.
Chegando lá, encontrou-o sozinho, à beira da lareira, em frente ao fogo, onde ardia um fogo brilhante e acolhedor.
Adivinhando a razão da visita, o irmão deu as boas-vindas e conduziu-o a uma grande cadeira perto da lareira e ficou quieto, esperando.
O Mestre acomodou-se confortavelmente no local indicado e então lhe perguntou:
- Estás doente?
O irmão lhe respondeu:
- Não, estou muito bem de saúde.
E o Mestre replicou:
- Estás com algum outro problema?
O irmão lhe respondeu:
- Não, não estou com problema nenhum, muito pelo contrário, estou muito bem:
Então o Mestre lhe admoestou:
- Mas não tens ido mais as sessões em loja...
Dito isso o irmão dirigindo-se ao Mestre disse:
- Eu frequento aquelas sessões da loja há mais de vinte anos, sento naquela cadeira, realizo as praticas ritualísticas, participo ativamente dos debates, durante todo este tempo eu já aprendi tudo de sessão em loja, sei todo o ritual de cor. Então eu acho que não preciso mais ir lá, por isso não estou indo.
O Mestre ficou atônito, no silêncio sério que se formara, apenas contemplava a dança das chamas em torno das achas de lenha, que ardiam. O Mestre pensou um pouco, dirigiu-se à lareira e cuidadosamente selecionou uma brasa, a mais incandescente de todas, empurrando-a para o lado, ante o olhar curioso do irmão.
O Mestre voltou então a sentar-se, permanecendo silencioso e imóvel. O irmão prestava atenção a tudo, fascinado e quieto.
Aos poucos a chama da brasa solitária, perdeu o brilho, se revestiu de uma túnica cinzenta, transformando-se em carvão e cinza, fora do convívio com as outras brasas.
Em pouco tempo o que antes era uma festa de calor e luz, agora não passava de um negro, frio e morto pedaço de carvão recoberto de uma espessa camada de fuligem acinzentada.
Nenhuma outra palavra tinha sido dita após a ultima resposta do irmão.
O Mestre, antes de se preparar para sair, manipulou novamente o carvão frio e inútil, colocando-o de volta no meio do fogo.
Quase que imediatamente ele tornou a incandescer, alimentado pela luz e calor dos carvões ardentes em torno dele.
O irmão então levantou-se foi em direção do Mestre, e disse:
- Obrigado irmão, por sua visita e pelo belíssimo sermão.
- Estou voltando ao convivi-o da loja e doravante não mais faltarei as sessões.
Tornando-se, a partir daquele dia, a cadeira, novamente ocupada.
Meus irmãos, os Maçons são como as brasas, para manterem a luz dos conhecimentos, o calor da fraternidade e a chama do ideal, necessário é, que estejam no convívio permanente das outras brasas.
Não faz Maçonaria somente fora do Templo. A Maçonaria que se pratica na vida profana é uma obrigação do iniciado e é reativada a cada Sessão, como uma espécie de bateria que precisa ser recarregada.
Se algum irmão acha que nada mais tem aprender, então ele dever ter atingido a Gnose perfeita e é chegado o momento dele começar a ensinar.
A frequência em loja não é apenas uma obrigação, é uma ação que reforça comprometimento com a ordem e com nosso dever de maçons de mantermos sempre alta e luminosa a tocha do amor único e do espírito humano.